TERREIRO DE
CANDOMBLÉ ILÊ WOPO OLOJUKAN.
RUA Dr. BENEDITO XAVIER, 2030 BAIRRO AARÃO REIS.
Nosso nome: Ilê Wopo Olojukan:
Casa onde o trono é de Odè Olojukan (aquele que vê com os
olhos do coração). O Terreiro de
Candomblé ILÊ WOPO OLOJUKAN,
constitui, um dos marcos físicos, que representa a memória social do povo negro belorizontino e recebeu proteção como patrimônio
cultural do município, a partir das reivindicações do movimento negro pelo direito à memória.
Mesmo que em Minas
Gerais os africanos e seus descendentes tenham uma presença marcante, o seu
patrimônio cultural ainda carece do reconhecimento
oficial. A oportunidade de começar a reparar essa dívida histórica contraída
por séculos de escravidão esteve presente nas comemorações - no sentido de trazer
à memória - do Tricentenário da Imortalidade de Zumbi de
Palmares, projeto executado pela PBH/SMC, no ano de 1995, que conferiu destaque
à memória e ao patrimônio cultural do povo negro de Belo
Horizonte.
O Bem Cultural
localizado à Rua Doutor Benedito Xavier, 2030, Bairro Aarão Reis, foi
caracterizado por meio de pesquisa histórica, sociocultural e registro
fotográfico, como a mais antiga comunidade-terreiro do
município de Belo Horizonte.
A importância
política para a comunidade negra da cidade, do tombamento
de um Bem Cultural representativo da religião afro-brasileira, no ano em que se
comemoraram os 300 anos de imortalidade de Zumbi dos Palmares é motivo de
orgulho para todos os afro-descendentes.
O Ilê
Wopo Olojukan é o primeiro Terreiro
de Candomblé de Belo Horizonte. Está vinculado à tradição Yorubá (Ketu), seu
patrono é Oxóssi. Foi fundado por Carlos Ribeiro da Silva, um baiano conhecido
em Belo Horizonte por Carlos Olojukan ou Carlos Ketu. O
Sr. Carlos migrou-se de Salvador para Belo Horizonte já com objetivo
determinado de fundar o primeiro Terreiro de Candomblé da Cidade, considerando
que até aquele momento, início da década de 60, existia na capital mineira
apenas o culto ligado a Umbanda.
O Ilê
Wopo Olojukan, assumindo sua
condição de bem cultural da cidade de Belo Horizonte, tem procurado construir
parcerias com organizações sociais e com o poder público para assegurar a
promoção do patrimônio, tanto físico quanto simbólico.
Todo patrimônio
simbólico dos afro-descendentes, ou seja, tudo aquilo que dá significado à
memória ancestral da África, afirmou-se, aqui no Brasil, como um território
mítico/religioso, possibilitando sua transmissão e preservação. É um acervo
cultural vinculado ao culto dos Orixás, às festas, às dramatizações dançadas –
formas musicais, gastronômicas e rituais utilizadas em substituição ao
território físico do qual foram retirados.
A simples
existência e conservação dos bens culturais não garantem a difusão de todo o
conhecimento de que são portadores. Os tombamentos, as restaurações, as
legislações de proteção são importantes à sobrevivência física dos bens
culturais, mas não promovem, necessariamente, a compreensão e a apreensão do seu significado, nem sua valorização como testemunhos da
história pessoal e coletiva das comunidades.
Para tanto são
necessárias ações e projetos capazes de estimular a difusão e a apropriação do conhecimento contido e gerado pelo patrimônio cultural. É
nesse sentido que hoje o Ilê Wopo Olojukan propõe para a comunidade afro-descendente um chamado à
unidade.
Essa proposta
parte do princípio que o tema da diversidade cultural
assume, no século 21, a importância da biodiversidade nas últimas décadas do século 20. Aparece cada vez mais em estudos e formulações de
políticas públicas como valor a ser compartilhado por todos, e que
principalmente as manifestações culturais comunitárias podem não só resgatar,
mas fortalecer a auto-estima e a memória social e coletiva.
Da mesma forma que
é importante, para a sobrevivência humana no planeta, preservar as diversas
formas de vida existentes na natureza – os animais, as plantas, as águas, os
ambientes – é importante valorizar e proteger as diferentes expressões de
cultura que conferem identidade às sociedades e aos grupos humanos: nossas
celebrações e rituais religiosos, nossas festas. Enfim, as múltiplas formas que
aprendemos, ao longo dos tempos, para expressar sentimentos, emoções,
conhecimentos e sabedoria. São saberes que nos ligam a nossos antepassados e às
gerações que virão depois de nós.
O Candomblé, como
outras manifestações religiosas de matriz africana, é uma religião com cerca de
400 anos de Brasil. Não é importante se ela está situada, neste momento, em
Salvador, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte. É em nome
desses 400 anos que devemos pensar nossas ações. Em nome dos 400 anos de luta
para sobreviver à repressão e todo tipo de dificuldades que seus adeptos
enfrentaram por toda parte.
O tombamento do Ilê é a vitória das religiões
afro-brasileiras, que veem reconhecidas como legítimas suas práticas culturais
na capital mineira. É vitória do Ilê
Wopo Olojukan, que propõe, com esse
tombamento, a mudança efetiva do ponto de vista das
políticas culturais incorporando, na prática, as discussões que vem sendo conduzidas sobre o tema.
O tombamento do Ilê Wopo Olojukan certamente não garante que ele mantenha o culto da forma como é praticado atualmente. Mas garante, minimamente, a liberdade de escolha do próprio destino pelo grupo. E essa liberdade, conferida à comunidade, deve ser entendida como o verdadeiro patrimônio Cultural
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ResponderExcluirMinas Gerais é um território predominantemente Bantu, mas em Belo Horizonte o candomblé nasceu pelas mãos valentes de Carlos Ribeiro da Silva, que saiu de Pojuca/Ba, com o Ofà de Odè e veio plantar o seu asè, o asè de Odè Olojukan do qual somos orgulhosos de pertencer. Ilé Wopo Olojukan/Patrimônio Cultural de Belo Horizonte!!!
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